Hora Marcada recebe equipe de foguetemodelismo da UFPel para divulgar campanha de arrecadação
- Rádio Tupanci
- 11 de set.
- 4 min de leitura
Além de representar a universidade na produção de tecnologias, a UFPel Rocket Team divulga campanha de arrecadação de recursos para participar de competição internacional de foguetemodelismo.
Por Maria Eduarda Lopes

Nesta quarta-feira (10), o programa Hora Marcada, apresentado pelo jornalista Sérgio Corrêa, recebeu a equipe de foguetemodelismo da Universidade Federal de Pelotas, a UFPel Rocket Team. A entrevista teve como tema a campanha de arrecadação lançada pela equipe para custear a participação em uma competição internacional, além da atuação do projeto e seu impacto na experiência dos alunos com a produção de tecnologias.
Fundada em 2017, a UFPel Rocket Team é um projeto de ensino do Centro de Engenharias, que busca proporcionar aos alunos a oportunidade de pesquisar, confeccionar e lançar foguetes experimentais. Coordenado pelo professor Alejandro Martins, a interdisciplinaridade do projeto também permite a integração com outros cursos, como Jornalismo, Artes Visuais e Design. As equipes se dividem em times da área técnica, que abrange aviônica, aerodinâmica, propulsão e estruturas, e da área comunicacional. A participação é através de processo seletivo. Atualmente, 27 integrantes de diferentes cursos da UFPel compõem a equipe.
Competição internacional
O Latin America Space Challenge (LASC) é o maior evento de foguetemodelismo da América Latina. A 6ª edição acontece na primeira semana de novembro, em Bauru (SP), e vai reunir equipes de diversos países para concorrer aos prêmios. A competição experimental conta com desafios da engenharia de foguetes, com categorias por altitude alcançada e tipo de satélite.
Conforme o coordenador do projeto, a participação da UFPel Rocket Team coloca em evidência a produção científica e tecnológica feita na universidade, representando Pelotas internacionalmente, além de poder demonstrar a importância do investimento em iniciativas universitárias no Brasil.
Campanha de arrecadação
Devido ao corte de verbas, a universidade não pôde prestar auxílio financeiro à equipe. A solução encontrada foi criar uma campanha para arrecadar valores que possam custear transporte, estadia, ingressos e inscrição no evento. O valor total necessário chega à 35 mil reais. A arrecadação segue até 15 de setembro, quando ocorre a inscrição do foguete. Os valores estão sendo doados de forma online, através de perfil nas redes sociais.
Entrevista no Hora Marcada
A UFPel Rocket Team é uma iniciativa própria dos alunos da universidade, e teve início antes de 2020 com um grupo de cerca de 20 pessoas, que já participavam de competições nacionais e internacionais. Com a pandemia de Covid-19, o projeto sofreu uma pausa, e ressurgiu recentemente em 2023. “A iniciativa, antes de mais nada, busca a multidisciplinaridade da ciência. Surge através de diferentes cursos da UFPel, desde a Computação, do Jornalismo e até das Artes Visuais, todos através da curiosidade sobre a ciência”, diz Alejandro.
A estudante de Jornalismo Lívia Silveira conta que, apesar da reformulação do projeto, o objetivo continua sendo o mesmo. Já a integrante Eduarda Schneider, estudante de Engenharia de Controle e Automação e líder do time de estruturas, conta que inicialmente os modelos eram mais simples. “No início, tínhamos ideias de menor escala, fazíamos foguetes de papel, algo não muito grandioso. Agora estamos fazendo modelos mais elaborados”, conta Eduarda, e acrescenta que, para a competição LASC, a equipe está trabalhando em um foguete que alcance 500 metros. “Estamos trabalhando duro há muito tempo para conseguir lançar esse foguete em São Paulo, estamos determinados e vamos lançá- lo”.
Para a propulsão dos foguetes, é usado o propelente sólido KNSu, composto por nitrato de potássio (KNO₃) e um tipo de açúcar. Eduarda conta que atualmente o foguete está sendo encaminhado para o teste hidrostático, um procedimento feito para avaliar a resistência do foguete à combustão do propelente, pois se a cápsula não resiste o motor pode acabar explodindo. Caso o foguete falhe no seu funcionamento, é possível fazer a recuperação quando não há perda total, tendo os dados de vôo analisados pelo time da aviônica. A partir disso, pode ser feita a reconstrução e o foguete é lançado novamente, prezando pela reutilização dos materiais e a sustentabilidade. Por conta da pouca verba, as integrantes relatam que a preferência é por fazer foguetes da maneira mais econômica possível.
“O grande desafio é colocar o projeto e Pelotas em competições internacionais. O ranking nacional de universidades brasileiras exige internalização e referência de publicações. É nisso que estamos trabalhando. Nada melhor do que uma competição internacional para traçar metas, cronogramas. Isso é um aprendizado para todos”, ressalta o professor Alejandro.
A participação feminina também foi destacada na entrevista. Em uma área dominada por homens, as mulheres estão cada vez mais ocupando esses espaços, como na área das engenharias. “Às vezes as pessoas não têm conhecimento, mas existem muitas mulheres na nossa área. Temos mulheres no nosso projeto e em outras equipes também. As mulheres estão vindo fortes por aí”, enfatiza Eduarda.
Quanto à integração com patrocinadores, Lívia explica que a UFPel Rocket Team está produzindo uniformes com logos de marcas para oferecer a visibilidade de marcar presença em um evento interdisciplinar e internacional. A equipe aceita parcerias até o dia 13.
Sobre a campanha de arrecadação para garantir a participação no Latin America Space Challenge, ainda faltam algumas metas das despesas a serem alcançadas. “Quando decidimos participar da LASC, outras equipes disseram que estávamos embarcando em uma missão impossível. Então chegar até lá significaria mostrar que o céu não é o limite”, completa Lívia. “Esperamos muito chegar até esse evento, mostrar nosso trabalho, levar o nome de Pelotas e da nossa universidade, e quem sabe voltar com uma premiação”.

Confira a entrevista completa.





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