Hora Marcada entrevista médica cardiologista Débora Loro acerca de doenças cardiovasculares e formas de prevenção
- Rádio Tupanci
- 8 de set
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Médica especialista falou sobre as doenças cardiovasculares que mais afligem a população brasileira, os principais fatores de risco e as formas de prevenção
Por Maria Eduarda Lopes

O programa Hora Marcada, apresentado pelo jornalista Sérgio Corrêa, entrevistou na manhã desta segunda-feira (08) a médica cardiologista Débora Loro acerca das principais doenças cardiológicas, fatores de risco e maneiras de prevenção.
Débora Loro possui formação em Medicina na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e é Mestre em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente é cardiologista no Hospital Moinhos de Vento e na clínica Essenza Medicina, atuando na prevenção cardiovascular, na detecção precoce da aterosclerose e no tratamento das dislipidemias (alterações de colesterol e triglicerídeos). A aterosclerose é a formação de placas arteriais que endurecem e estreitam os vasos sanguíneos, e podem levar à obstrução do fluxo e à casos mais graves, como infarto, Isquemia e AVC.
Doenças cardiovasculares no Brasil e no Rio Grande do Sul
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país, representando cerca de 30% dos óbitos anuais (aproximadamente 400 mil mortes por ano). Entre as principais causas, estão o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Já o Rio Grande do Sul apresenta uma das maiores taxas de mortalidade cardiovascular do país. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade apontam que doenças do aparelho circulatório são responsáveis por mais de 30% das mortes no estado. Estilo de vida, envelhecimento populacional e fatores de risco como tabagismo e alimentação são mais prevalentes em algumas regiões.
Especialistas destacam a importância da avaliação rotineira e sistemática de indivíduos assintomáticos para identificar fatores de risco. Apesar da idade avançada ser um dos principais, cada vez mais jovens são acometidos por doenças cardiovasculares. Esse aumento pode estar relacionado às mudanças nos hábitos.
Principais fatores de risco
As doenças cardiovasculares podem se desenvolver ao longo da vida devido a uma combinação de fatores de risco comportamentais e genéticos. Entre os principais, estão a hipertensão, o colesterol alto e a diabetes, além da obesidade, sedentarismo, tabagismo, estresse crônico e o consumo excessivo de álcool e alimentos ultraprocessados.
Prevenção e controle
Para prevenir as doenças cardiovasculares e controlar os fatores de risco, são necessárias consultas médicas regulares para ajudar na detecção precoce e no tratamento adequado, prevenindo complicações mais graves. Alimentação saudável com dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e com baixo sódio e gordura, e prática regular de atividade física também contribuem para a prevenção, além evitar o tabagismo e o consumo de bebidas alcóolicas.
Entrevista no Hora Marcada
A médica ressalta os dados de mortalidade de doenças cardiovasculares no Brasil e no Rio Grande do Sul. “As principais consequências são infartos do miocárdio e isquemia cerebral. São doenças que precisam de atenção e prevenção”, alerta.
A especialista também fala sobre a existência de diversas condições genéticas, como as malformações cardíacas, que acabam se manifestando ao longo da vida. Na primeira infância, o pediatra faz a identificação e acompanha a condição no decorrer dos anos. Entretanto, alerta que existe uma lacuna de acompanhamento médico no período entre a infância e a adolescência. Débora destaca que é importante ter este acompanhamento desde a infância e fazer exames regulares para detectar alterações precoces, realizando consultas periódicas mesmo que não existam riscos óbvios para o jovem.
“É mais difícil o jovem ter infartos, a não ser que tenha uma aterosclerose muito avançada. É comum que essa doença se manifeste a partir dos 40 ou 50 anos de idade. Mas na maior parte das vezes, o AVC e o infarto aparecem sem aviso”, explica.
Questionada, a cardiologista explicou que, apesar da população gaúcha ser uma das mais afetadas, não existem pesquisas que digam exatamente o porquê, mas que o envelhecimento da população e os hábitos de vida possam contribuir para isso.
Entre os sinais de alerta para doenças cardiovasculares, estão a dor no peito, sensação de ardência ou queimação durante esforços, além de cansaço incomum em atividades rotineiras. São sintomas que podem indicar obstrução nas artérias. No caso dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), a obstrução do fluxo sanguíneo para o cérebro pode provocar desmaios, tonturas e outros sinais associados a artérias carótidas comprometidas.
Além do acompanhamento médico, a base da prevenção também está em uma alimentação equilibrada rica em verduras, legumes, fibras e cereais integrais, aliada à prática regular de exercícios físicos. A médica sugere para adultos exercícios ao menos 30 minutos, cinco vezes por semana, e uma hora diária para adolescentes. Além disso, o abandono do tabagismo, a qualidade do sono e o controle do estresse também são apontados como fatores essenciais.
A médica destacou ainda a preocupação com o estilo de vida dos jovens, cada vez mais expostos ao sedentarismo, má alimentação e ao uso de cigarros eletrônicos. Apesar de a prevalência parecer baixa, os riscos são significativos dado o impacto na saúde a longo prazo. Já o consumo excessivo de álcool pode ocasionar a dilatação do coração levando a insuficiência cardíaca.
Homens tendem a apresentar problemas cardiovasculares mais precocemente, enquanto mulheres têm certa proteção hormonal até a menopausa, quando os riscos se igualam. A reposição hormonal, no entanto, não é indicada para reduzir o risco cardiovascular, sendo prescrita apenas para aliviar sintomas da deficiência de estrogênio.
Sobre o tratamento, a cardiologista explicou que pacientes que já sofreram AVC ou infarto podem precisar de medicamentos antiplaquetários ou anticoagulantes para evitar novos eventos trombóticos. Reforçou que o uso de qualquer medicação preventiva deve ser sempre prescrito por um médico, nunca de forma autônoma. Confira a entrevista completa.





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