Em entrevista à Rádio Tupanci, Dr. Carlos Alberto Bandeira fala sobre saúde mental e os desafios da prevenção
- Rádio Tupanci
- 18 de ago.
- 2 min de leitura
O psiquiatra e professor da UFPel destaca os impactos da ansiedade, burnout e depressão, e reforça a importância do Setembro Amarelo que se aproxima no combate ao suicídio
Por Clarissa Ribeiro

Com a chegada de setembro e o início da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio, a Rádio Tupanci conversou, na segunda-feira (18), com o psiquiatra e professor da UFPel, Carlos Alberto Bandeira. Com mais de 50 anos de experiência na área, o médico abordou os índices atuais de suicídio na população e explicou as diferenças entre os principais transtornos mentais.
Segundo o médico, a depressão e a ansiedade andam bastante juntas, e de modo geral a ansiedade inicia-se primeiro, para depois ser seguida da depressão. O burnout, distúrbio psicológico comum, por sua vez, é causado inicialmente por esgotamento e exaustão emocional ‘’No burnout há um esgotamento nervoso, é quando a pessoa passa por um tempo de atividade muito tensa e vai desenvolvendo uma ansiedade intensa, até que começa a ter crise de pânico’’, aponta. Além disso, o principal tratamento para ele é atividade física, esportes e medicação.
De acordo com o médico, 98% dos suicídios estão relacionados a algum transtorno mental, daí a importância de tratar a raíz do problema, muitas vezes causada também pela informatização, já que com as informações que hoje chegam de forma imediata, as pessoas não desligam e tem sua saúde mental prejudicada. Outro ponto muito importante atualmente são os empregos em home office herdados da pandemia que, segundo o psiquiatra, causam isolamento social ‘’O trabalho em home office pode ser mais tenso, pois não tem outros contatos que possam aliviar a tensão, com a pandemia aumentou bastante o número de pessoas com transtorno de ansiedade’’, diz.
Quando se desconfia que alguém está com tendência ao suicídio, a primeira coisa a ser feita é abordar isso e tentar entender a situação, segundo o médico. Para ele, há alguns sinais significativos para essa identificação ‘’Sentimento de desvalia, agitação, ansiedade extrema, perda de apetite, idade avançada, isolamento social, sendo que muitas tentativas de suicídio são causadas por um motivo bem claro’’.
Ademais, de acordo com dados do boletim técnico divulgado pelo Grupo Interdisciplinar de Trabalho e Estudos Criminais-Penitenciários (GITEP), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), é crescente o número de atestados por saúde e afastamento entre servidores penitenciários da Superintendência dos Serviços Penitenciários do Rio Grande do Sul (SUSEPE) no primeiro semestre deste ano, sendo a taxa de suicídio deste mesmo grupo acima da média nacional. Para o Dr. Bandeira, muito desse agravante é influenciado pelo ambiente desses profissionais ‘’São profissionais que lidam com muita tensão, veem coisas que outras profissões não veem, é a profissão com maior índices de suicidio. O risco de suicídio de uma pessoa que tenha arma de fogo é 60% maior’’, explica ele.
O psiquiatra ressalta a importância do Setembro Amarelo que vem se aproximando para tratar do assunto de forma informativa e torná-lo não tão temível, ‘’As mulheres tentam suícidio 4 vezes mais que os homens, mas os homens concretizam suicídio 4 vezes mais que as mulheres e tendem a usar métodos mais violentos. O suicidio é uma urgência e todo paciente que tenta executá-lo deveria ser avaliado por psiquiatra’’, enfatiza ele.





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