Setor de saúde teme alta no preço de medicamentos em meio a tensão comercial entre Brasil e EUA
- Rádio Tupanci
- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Produtos farmacêuticos são principais itens importados dos EUA e podem ser impactados por eventual retaliação brasileira ao tarifaço de Trump

Com os medicamentos e produtos farmacêuticos liderando a pauta de importações brasileiras dos Estados Unidos em 2025, o setor de saúde nacional acende o alerta diante da possibilidade de uma guerra comercial. Embora esses produtos não estejam, a princípio, entre os itens diretamente atingidos pelo tarifaço anunciado por Donald Trump contra o Brasil, uma eventual retaliação do governo brasileiro pode encarecer substancialmente o acesso a remédios essenciais.
O Brasil importou quase US$ 10 bilhões em itens da área médica no ano passado, incluindo instrumentos cirúrgicos, reagentes para diagnóstico de doenças e aparelhos hospitalares — grande parte oriundos dos Estados Unidos. Apenas no primeiro semestre deste ano, o país já importou US$ 4,3 bilhões em medicamentos de alto custo, um crescimento de 10% em relação ao mesmo período de 2024.
Preocupação com remédios para câncer e doenças raras
O risco maior recai sobre medicamentos com patente, como os usados no tratamento de câncer e doenças raras, que exigem tecnologia de ponta. Estados Unidos e Alemanha respondem por cerca de 30% das importações brasileiras nesse segmento, segundo dados oficiais. A União Europeia lidera com 60%, enquanto Estados Unidos e Alemanha têm fatias próximas a 15% cada.
Caso o Brasil responda com medidas tarifárias de reciprocidade, os impactos para o consumidor final podem ser imediatos. “Esses produtos chegariam cerca de 30% mais caros nas prateleiras, e o Brasil teria que buscar alternativas”, alerta Paulo Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos. Entre as possíveis substitutas, ele cita China, Índia e Turquia, embora reconheça que a transição traria desafios técnicos e logísticos.
Dependência de insumos e a busca por autonomia
Apesar de produzir a maioria dos medicamentos genéricos no país, o Brasil depende fortemente da importação de insumos farmacêuticos, especialmente da China, que responde por 95% desse fornecimento. A dependência reforça a vulnerabilidade do sistema de saúde nacional a flutuações globais.
Para Norberto Prestes, presidente-executivo da Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o momento evidencia a necessidade urgente de investir na pesquisa e produção local. “Temos a capacidade, temos pesquisadores brilhantes, mas muitos acabam indo para o exterior. Deveríamos reter esses talentos e desenvolver nosso sistema para garantir soberania na área farmacêutica”, defende.
Impactos em discussão
Com a disputa comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhando força, o setor de saúde aguarda definições do governo federal sobre a postura que será adotada. Um eventual acirramento da crise pode afetar diretamente o acesso da população a medicamentos de alta complexidade, além de pressionar o orçamento de hospitais públicos e privados.





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