Presidente da Conab destaca importância dos estoques públicos e políticas de apoio ao arroz no RS

Presidente da Conab anuncia medidas para conter queda nos preços do arroz, retoma estoques públicos e defende expansão da exportação do grão gaúcho

Por Élida Lima

Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa Clima Temperado

Pelotas (RS) – Em visita a Pelotas na manhã desta sexta-feira (22), o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, participou do ato de retomada da política de estoques públicos de arroz. Durante o evento, realizado no Engenho São Bento, foram assinados os contratos para a aquisição do cereal em casca na modalidade de Compra com Opção de Venda (COV) , iniciativa que visa retirar parte da safra do mercado diante da queda de preços provocada pelo excedente de cerca de dois milhões de toneladas neste ano.

O retorno da Conab ao mercado, após 11 anos, tem como objetivo garantir segurança alimentar e apoiar os produtores rurais em momentos de oscilação de mercado. “A maior safra de arroz dos últimos anos, com mais de 12 milhões de toneladas colhidas só no Rio Grande do Sul, somada à boa produção mundial, fez com que os preços pagos aos produtores caíssem significativamente”, afirmou Pretto. Segundo ele, o contrato de opção oferecido pela Conab é de R$ 87,60 a saca para produtores gaúchos, evitando mais queda no valor da saca, atualmente cotada na faixa dos R$ 68,00, em média.

A ação marca o retorno da formação de estoques reguladores de arroz após mais de uma década. "Estamos colocando novamente arroz de qualidade nos estoques da Conab. Isso é estratégico tanto para garantir renda aos produtores quanto para assegurar abastecimento à população", destacou. O produtor Pedro Zanetti, do Engenho São Bento, se mostrou satisfeito em fazer o acordo com a Conab durante o ato simbólico realizado na empresa, durante o qual contou com a participação de várias autoridades, como os prefeitos Fernando Marroni (Pelotas),   Fernando Mainardi (Bagé), Darlene Pereira (Rio Grande) e Zelmute Marten (São Lourenço do Sul). 

Preto também anunciou a liberação de R$ 180 milhões pelo governo federal para novos contratos que devem adquirir 110 mil toneladas de arroz ainda neste segundo semestre. Segundo ele, o objetivo é conter a queda dos preços provocada pelo alto estoque de passagem previsto para o fim do ano, o que poderia comprometer a próxima safra.

Exportação e expansão da produção

Questionado pela equipe de reportagem da rádio Tupanci sobre a crítica dos orizicultores de não haver uma política de exportação mais robusta, Edegar Pretto defendeu a busca por novos mercados. “O arroz do Rio Grande do Sul é um dos melhores do mundo. Precisamos sonhar alto, abrir mercado lá fora e tornar o Brasil um grande exportador”, afirmou. Ele destacou ainda que o país tem equilíbrio na balança comercial do arroz, importando e exportando volumes semelhantes, mas que há potencial para ampliar a presença internacional.

A intenção da Conab é incentivar também a produção em outros estados, visando atender tanto o mercado interno quanto a demanda global por alimentos.

Soja e perdas climáticas

Questionado sobre os impactos das mudanças climáticas na produção de soja, especialmente no Rio Grande do Sul, o presidente da Conab confirmou uma quebra de 27% na safra estadual. “O estado foi fortemente atingido por estiagens e ondas de calor extremo no início do ano. Isso comprometeu a principal cultura da região norte do Estado, que representa 50% da produção gaúcha”, disse.

Em relação ao pedido de securitização das dívidas agrícolas, Preto informou que o governo federal está compilando os dados e negociando uma proposta junto ao Congresso Nacional. “Há um esforço de diálogo com o setor e acredito que teremos novidades nos próximos dias”, afirmou.

Cenário político para 2026

Por fim, ao ser questionado sobre as eleições de 2026, Edegar Pretto, que foi candidato ao governo do Estado em 2022, disse estar focado na missão atual à frente da Conab. “Recebi do presidente Lula a responsabilidade de comandar a maior empresa de abastecimento da América Latina. Nosso foco agora é ajudar o país a avançar, mas, claro, o nosso campo político estará organizado para o próximo pleito”, declarou.

Preto lembrou que nas últimas eleições começou com 4% nas pesquisas e terminou com 27% dos votos. “Nosso campo tem uma força extraordinária. Agora, o que está em pauta é a reeleição do presidente Lula e a construção de um projeto que também governe o Rio Grande do Sul”, finalizou.