Leilão do Polo Rodoviário de Pelotas está marcado para agosto de 2026
- Jean Pierre Knepper
- 27 de nov.
- 4 min de leitura
Empresa vencedora terá o controle das estradas da região por 30 anos
Por Álvaro Guimarães / JTR

O governo federal marcou para agosto de 2026 o leilão para a nova concessão do Polo Rodoviário de Pelotas. O edital do processo licitatório da Rota Portuária Sul – como está sendo chamado o trecho pelo Ministério dos Transportes – será publicado em maio do ano que vem. Entre o final do contrato da concessionária Ecovias Sul, no final de março, e a contratação da nova empresa, as rodovias da região serão administradas pelo governo federal, por intermédio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A empresa vencedora terá o controle das estradas da região por 30 anos e deverá investir R$ 6,1 bilhões em infraestrutura, a despesa operacional será de R$ 4,5 bilhões com receita bruta estimada em R$ 8,7 bilhões. Ainda não há indicação sobre o valor da futura tarifa, mas o projeto prevê a instalação de 14 praças de pedágio.
O trecho de 456,2 km recebeu o nome de Rota Portuária Sul por conectar o interior produtivo gaúcho ao Porto de Rio Grande e está estruturado em duas rodovias: BR-392 e BR-116. O setor da BR-116 vai de Camaquã a Jaguarão e liga o norte ao sul do estado, enquanto o trecho da BR-392 vai de Santana da Boa Vista a Rio Grande, ligando a Fronteira Oeste e região Central com o Sul.
O estudo do Ministério dos Transportes aponta a necessidade de realizar uma série de obras e melhorias nas estradas regionais como, por exemplo, concluir a duplicação de 83,37 km da BR-116 e incluir outros 55,5 km de faixas adicionais, além de restaurar outros 285,9 km de estradas e instalar 13 passarelas.
De acordo com o cronograma apresentado, as obras que ficam a cargo da concessionária devem ser realizadas entre o terceiro e o sétimo ano da concessão.
Notícia repercute bem pela região
A divulgação das datas do edital e do leilão da nova concessão das rodovias da região repercutiu bem entre o setor produtivo e lideranças políticas. Representantes do setor de logística e os dois deputados federais da Zona Sul avaliam que o cronograma apresentado marca uma virada após anos de incertezas e tarifas elevadas.
O diretor-executivo do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas do Extremo Sul (Setcesul), Renato Leite, celebrou o anúncio. “Acho que felizmente estamos encerrando esse longo período difícil para nossa região, onde são praticadas as tarifas mais altas de pedágio do Brasil aqui. Isso acaba com certeza travando o desenvolvimento da nossa região”, afirmou.
Leite reforça que, na visão do setor, as tarifas praticadas atualmente têm impacto direto sobre o desenvolvimento regional e diz acreditar que a mudança deste cenário representará uma virada de chave para a economia do Sul com o surgimento de um ambiente atraente para novas empresas. “A gente acredita que a partir da saída dessa concessionária agora, em março de 2026, novos investimentos irão procurar a região sul do estado. Mas é importante salientar que não temos nada contra a concessionária que hoje está aqui, mas queremos ter um pedágio com preço justo e com investimentos”, disse.
O dirigente destaca ainda a importância do anúncio do governo federal. “A gente já recebe um calendário com o edital para maio de 2026 e um leilão para agosto 2026 e a possibilidade de ainda em 2026, se ter uma nova concessionária administrando nosso polo rodoviário, isso é muito importante”.
No meio político, a repercussão não foi diferente. O prefeito de Pinheiro Machado e presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Ronaldo Madruga (PP), comemorou o anúncio, porém ponderou sobre dois pontos: o valor futuro das tarifas e a manutenção das estradas no período entre a saída da Ecovias Sul e a chegada da nova concessionária.
“O que não está claro é com relação aos pontos de cobrança e, sobretudo, aos valores da cobrança. Isso nos deixa apreensivos porque a prática que vem hoje sendo estabelecida, ela não é a mais adequada financeiramente para a região e não se tem ainda os valores que serão estabelecidos nos futuros pontos de cobrança”, comentou.
Madruga diz também se preocupar com a qualidade da manutenção que será dada às estradas até a licitação ser concluída. “A gente sabe que o governo federal não tem como fazer a manutenção e fazer melhorias em infraestrutura sem ter rodovias com concessão, pois não tem corpo técnico, não tem recursos tecnológicos. A concessão das rodovias é o que está posto para poder melhorar a infraestrutura, mas de uma forma que tenha preços razoáveis”, comentou.
O que dizem os deputados da região
O deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) celebrou o anúncio e ressaltou que o modelo final da concessão e o valor da tarifa ainda serão debatidos. “Com relação ao novo modelo de concessão, ainda vai ser objeto de discussão também nas audiências públicas onde a gente vai ter acesso a qual o tipo de modelo de concessão e, ao mesmo tempo, quais os investimentos que estarão previstos na nova concessão”, comentou.
Lindenmeyer se diz tranquilo sobre o futuro das rodovias sem a concessionária e até o desfecho da licitação. Conforme o parlamentar, o Dnit já divulgou um edital para a contratação de empresa responsável pela manutenção do polo rodoviário, o que gera tranquilidade para os usuários.
“Por outro lado, temos uma rodovia onde a duplicação está faltando muito pouco para terminar e, consequentemente, já há uma diminuição do volume de rodagem na parte mais antiga da estrada, considerando que boa parte é duplicada e nova. Entendemos que esse trecho vai se manter em condições muito boas até a nova concessão, independentemente de o Dnit estar contratando uma empresa para realizar operações tapa-buracos”, ponderou.
Por sua vez, o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) “enxerga com bons olhos” o governo federal ter priorizado a pauta. “Isso porque não se tinha até então uma data precisa, uma previsão. Agora é cobrar que esses prazos sejam cumpridos”, ressalta.
Trzeciak alerta ainda para a necessidade de rigor na elaboração e discussão do novo contrato. “Estamos falando em um contrato para os próximos 30 anos. Não podemos deixar que se repita algo semelhante ao que ocorre hoje: um pedágio com valor altíssimo, injusto e desproporcional à realidade da região”.
O parlamentar responsabiliza a União pelo hiato entre concessões. “Como eu tenho afirmado, há um culpado por isso: o governo federal, que não fez a tempo o dever de casa”, aponta.





Comentários