top of page

Produtores de pêssego mobilizam mais de 300 pessoas em reunião histórica em Pelotas

  • Foto do escritor: Jean Pierre Knepper
    Jean Pierre Knepper
  • 31 de out.
  • 3 min de leitura

O encontro, ocorrido na segunda-feira (27), reuniu agricultores, representantes das indústrias de conservas e autoridades políticas


Por Rafaela Stark / JTR

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Mais de 300 produtores de pêssego se reuniram na Colônia Maciel, interior de Pelotas, para reivindicar a revisão dos preços pagos pela fruta, considerados insuficientes para cobrir os custos de produção. O encontro, ocorrido na segunda-feira (27), reuniu agricultores, representantes das indústrias de conservas e autoridades políticas, e teve como resultado duas propostas encaminhadas ao Ministério da Agricultura e Pecuária: a compra de 15 milhões de latas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o bloqueio temporário de 60 dias na entrada de pêssego argentino no mercado brasileiro.


“Isso é uma coisa histórica, a gente nunca, como associação e como cadeia, conseguiu reunir tantas pessoas assim. Isso mostra o descontentamento em geral”, afirmou Adriano Bosenbecker, presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas. Segundo ele, os preços ofertados pelas indústrias – R$ 2,10 para pêssego tipo 1 e R$ 0,85 para tipo 2 – cobrem apenas os custos de produção, deixando os produtores sem margem de lucro.


Indústrias alegam crise

Do lado das indústrias, a situação também é delicada. Paulo Crochemore, presidente do Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), explicou que o setor enfrenta uma das piores crises dos últimos anos, pressionado pela entrada massiva de pêssego argentino em lata no mercado brasileiro. “Até setembro, entraram mais de quatro milhões de latas da Argentina com preço muito baixo, quase o nosso preço de custo de produção”, revelou.


Crochemore destacou que o Brasil costumava exportar cerca de 15 milhões de latas anualmente para países da América Latina, como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Venezuela. No entanto, esses mercados foram “inundados” pelo produto argentino, forçando as indústrias gaúchas a perderem espaço tanto no mercado externo quanto interno. “A indústria fica num beco sem saída. Vai produzir para quê, se não tem mercado nem externo nem interno?”, questionou.


Soluções encaminhadas ao governo federal

Durante a reunião, o deputado federal Daniel Trzeciak (PSDB) intermediou uma videoconferência com o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Ruas. Duas alternativas foram apresentadas para equilibrar o mercado e viabilizar o aumento dos preços pagos aos produtores.


A primeira proposta sugere a mudança no sistema de autorização de importação de pêssego argentino, que atualmente é automático. Com a alteração para licenciamento manual, o processo levaria 60 dias, período que coincide com os meses de novembro e dezembro – época de maior consumo da fruta no Brasil. A segunda envolve a compra governamental de 15 milhões de latas pela Conab, volume excedido de produção do consumo nacional, estimado em 30 a 35 milhões de latas anuais. Essa medida proporcionaria alívio financeiro imediato às indústrias, especialmente as de pequeno porte, que precisam vender antecipadamente cerca de 50% da produção para custear insumos, folha de pagamento e aquisição da matéria-prima. “Se conseguirmos ajudar as indústrias nisso, eles se dispuseram a aumentar o preço e equiparar ao valor do ano passado, que foi de R$ 2,50 e R$ 2,20”, explicou Bosenbecker.


As autoridades locais presentes no encontro, como o vereador Éder Blank (PSD), reforçaram o compromisso de apoiar os agricultores. “Seguiremos trabalhando pelo fortalecimento da fruticultura e pela valorização de quem sustenta a economia do nosso interior”, afirmou.


Trzeciak ainda garantiu que acompanhará as tratativas junto ao Ministério da Agricultura. “A entrada do pêssego argentino tem atrapalhado muito o mercado gaúcho. O governo federal precisa dar uma resposta capaz de equilibrar essa balança. Ficarei de olho e cobrando”, disse.


Neste momento, é aguardada a resposta do governo federal às propostas apresentadas. Uma nova reunião entre produtores e indústrias será convocada assim que houver definição sobre as medidas solicitadas, quando então será feita uma reavaliação dos preços para a safra 2025/2026.

Comentários


bottom of page