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Prefeitura de Porto Alegre enfrenta desafios para reassentar 1,1 mil famílias no Sarandi e recompor diques rompidos

A Prefeitura de Porto Alegre estima que cerca de 1,1 mil famílias ainda precisam ser removidas do bairro Sarandi para que os trabalhos de recomposição dos 11 quilômetros de diques rompidos durante a enchente de maio possam ser concluídos. O bairro, que abriga aproximadamente 51 mil habitantes, foi um dos mais atingidos pela tragédia.


O reassentamento dessas famílias enfrenta desafios, pois alguns moradores resistem à mudança, alegando que as condições oferecidas pelos programas de ajuda não atendem plenamente às suas necessidades. Diante da complexidade das negociações, a prefeitura ainda não definiu um prazo para o esvaziamento completo das áreas afetadas, o que impacta diretamente a previsão de conclusão das obras.


A ocupação irregular ao longo de mais de cinco décadas levou à construção de imóveis sobre os diques ou apoiados neles, comprometendo a eficácia das estruturas de proteção do bairro. A primeira etapa das obras, concluída no início de janeiro, elevou a altura do dique de 4 metros para 5,8 metros, superando o nível máximo atingido pelo Guaíba durante a enchente (5,5 metros). O projeto prevê a elevação dos diques para 7 metros em uma fase futura.


O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) coordena o levantamento dos imóveis a serem removidos, com base nos apontamentos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae). Até agora, 555 famílias foram cadastradas no programa Compra Assistida, do governo federal, que oferece moradias de até R$ 200 mil. A expectativa é concluir o cadastramento das demais famílias até o fim de janeiro.

Segundo o diretor-geral do Demhab, André Machado, os casos controversos serão encaminhados à Procuradoria-Geral do Município para busca de soluções adequadas. “Vamos buscar um encaminhamento justo para cada processo”, afirmou.


A remoção das famílias ocorre por etapas. Durante a fase crítica da enchente, as primeiras 48 famílias foram cadastradas após terem suas casas destruídas. Os trabalhos de reassentamento se concentram em vias como as ruas Aderbal Rocha de Fraga, Francisco de Medeiros e a Avenida Dique.


Apesar dos esforços, moradores enfrentam incertezas sobre suas novas moradias. O pedreiro Claudir Pedro Brito Poli, de 42 anos, que mora há quase 25 anos no local, afirma que prefere uma propriedade rural devido à sua criação de galinhas e teme os custos de um apartamento. “Eu teria que pagar condomínio e não conseguiria manter com meu salário”, relata.


Para facilitar a transição, a prefeitura também oferece o programa Estadia Solidária, que concede auxílio de R$ 1 mil por 12 meses. Além disso, o governo estadual criou o programa A Casa é Sua — Calamidade, que já entregou 322 casas temporárias em diversas cidades e deve iniciar a entrega em Porto Alegre a partir de março.


Outro obstáculo enfrentado pelos moradores é a falta de programas específicos para imóveis comerciais. O empresário Belmiro Gonçalves do Prado, de 49 anos, teme perder sua fonte de renda, já que quatro estabelecimentos familiares foram afetados pela enchente. O governo estadual oferece linhas de crédito, como o Pronampe Gaúcho e o programa Em Frente RS, mas não há políticas para reposição de imóveis comerciais.


A Caixa Econômica Federal informou que o programa Minha Casa, Minha Vida Reconstrução RS disponibilizou 1.306 unidades habitacionais para os atingidos, mas não contempla imóveis comerciais. A lista de beneficiários está disponível no site oficial da instituição.


Com informações: Jornalista Fernando Kopper

Fonte: GZH

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