
Durante a investigação da morte de Deise Moura dos Anjos, 42 anos, encontrada sem vida na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, papéis escritos por ela foram localizados em sua cela. Suspeita de envenenar três familiares do marido com arsênio, Deise havia sido transferida para a unidade em 6 de fevereiro, após passar pelo Presídio Estadual Feminino de Torres.
No programa Conversas Cruzadas desta quinta-feira (13), o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, revelou que os escritos contêm rabiscos, trechos reescritos e mensagens que se assemelham a pedidos de perdão, embora não haja uma despedida explícita.
"Quase um "me perdoa". Eu não li exatamente essa palavra, mas a mensagem dá essa impressão. Ela escreve algo como "preciso da sua ajuda, compreensão", relatou Sodré.
Os textos estavam espalhados em folhas diferentes, muitas delas rasuradas, com trechos de preces e salmos. Pessoas foram mencionadas nos escritos, mas sem destinatários específicos.
O delegado também destacou que Deise não negava o crime, mas buscava justificar suas ações:
"Ela não se declara inocente, mas também não assume total culpa. Diz que o que fez, fez em parte, mas não totalmente. Menciona que estava em depressão e em sofrimento."
Além dos papéis, uma camiseta foi encontrada na cela com a frase "não sou assassina", reforçando a tentativa de explicação sobre suas ações.
Deise também mencionava a separação do marido, e a Polícia Civil investiga se a ruptura do casamento pode ter sido um fator para sua morte. Segundo Sodré, o marido teria sinalizado o fim da relação pouco antes do ocorrido.
Para a psiquiatra forense Vivian Day, professora do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e participante do programa, a perda do apoio familiar pode ser um dos fatores que levam ao suicídio em pessoas com características psicopáticas, perfil que, segundo ela, poderia se encaixar no caso de Deise.
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde na antevéspera do Natal de 2024, quando seis começaram a passar mal após consumirem pedaços de um bolo. Um deles não ingeriu o doce. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal, e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Três mulheres morreram em intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar".
Deise era casada com Diego Silva dos Anjos, filho de Zeli, e morava em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A apenada era suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH
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