Formando da UFRGS que pintou suástica no rosto fala sobre o caso e diz sofrer ameaças
- luizfernandokopper
- 21 de fev.
- 3 min de leitura

Dois dias após se formar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Vinícius Krug de Souza, de 28 anos, decidiu dar sua versão sobre a polêmica envolvendo a pintura de uma suástica em seu rosto antes da cerimônia de colação de grau. O formando em Engenharia de Minas nega qualquer relação com o nazismo e afirma que o símbolo desenhado fazia referência à tradição hindu. Ele também relatou estar sofrendo ameaças, assim como sua família. O caso está sendo investigado pelas polícias Civil e Federal.
Ao lado dos advogados Jader Santos e Olga Popoviche, Vinícius afirmou estar sendo alvo de linchamento virtual e ataques após a divulgação da foto, que o mostrava com a suástica no rosto antes da cerimônia. Segundo ele, a pintura foi removida após uma abordagem por parte de representantes da universidade. O formando explicou que foi chamado a um banheiro por um policial, um guarda e membros da UFRGS, onde demonstrou no celular a diferença entre a suástica nazista e a hindu. Ainda assim, foi solicitado que removesse o desenho para evitar problemas. Ele apagou o símbolo e o substituiu por outro.
Em entrevista ao jornal Zero Hora, Vinícius negou qualquer intenção de fazer alusão ao nazismo e disse que o desenho fazia parte de uma manifestação artística, juntamente com outros símbolos religiosos e culturais que havia pintado no corpo. Ele mencionou que também utilizou o Om, que representa a conexão entre corpo, mente e espírito, e o Chi Rho (☧), símbolo ligado ao cristianismo. O ex-aluno disse que não imaginava que a suástica pudesse ser confundida com o símbolo nazista e afirmou que não pratica o hinduísmo, mas admira diferentes crenças religiosas e seus significados.
Vinícius relatou ainda que, durante a formatura, recebeu aplausos ao ser chamado ao palco, mas que, no momento da colocação do chapéu, foi chamado de "nazista" por um participante da plateia, o que o fez reagir com um gesto de irritação. Minutos depois, sua foto começou a circular nas redes sociais, gerando forte repercussão. Ele afirmou que desde então tem recebido ameaças e que sua mãe também foi alvo de ataques virtuais. Segundo ele, sua família é de baixa renda, e ele foi o primeiro a conquistar um diploma de Ensino Superior. Ele também contou que perdeu o emprego após a polêmica, pois sua empresa recebeu pressão nas redes sociais para demiti-lo.
O advogado Jader Santos afirmou que Vinícius está colaborando com as investigações e negou qualquer envolvimento do ex-aluno com movimentos extremistas. Segundo o advogado, "é do nosso interesse que vasculhem a vida dele, e não vão achar nada. Ele é um jovem branco de periferia, filho de empregada doméstica, que entrou na UFRGS por cota socioeconômica".
A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) instaurou inquérito na quarta-feira (19) para apurar o caso, sob a coordenação da delegada Tatiana Bastos. O deputado estadual Leonel Radde (PT), que registrou um boletim de ocorrência, já prestou depoimento. A polícia também enviou um ofício à UFRGS solicitando o depoimento do vice-reitor Pedro Costa e do coordenador de segurança Mozarte Simões da Costa Junior.
A Polícia Federal informou que a investigação está em fase preliminar e analisa a notícia-crime. Internamente, a UFRGS planeja uma reunião nesta sexta-feira (21) entre a reitora Márcia Barbosa e a procuradora da República que atende a instituição para discutir quais medidas serão adotadas. Uma das providências avaliadas é a suspensão da emissão do diploma de Vinícius.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH
Comments