A Polícia Civil indiciou um cirurgião plástico e outros 12 médicos, entre residentes e ex-residentes, por crimes relacionados a procedimentos que resultaram em supostos problemas para 87 pacientes em Porto Alegre. A investigação revelou irregularidades graves, incluindo lesões corporais, estelionato e associação criminosa.
O delegado Ajaribe Rocha Pinto, titular da 10ª delegacia, detalhou o caso durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (11), no Palácio da Polícia. Ele informou que cinco inquéritos foram concluídos, em um trabalho que já ouviu mais de 140 pessoas e gerou um relatório com cerca de 500 páginas.
“Foi uma investigação longa, de seis meses. São 87 vítimas, 13 indiciados, incluindo o principal suspeito. A gravidade dos relatos é preocupante”, declarou o delegado.
Denúncias e acusações
Entre os crimes investigados estão estelionato, crimes contra o consumidor, lesão corporal, concussão (cobrança de valores fora do plano de saúde) e associação criminosa. O cirurgião plástico Leandro Fuchs é apontado como principal investigado.
De acordo com a apuração, Fuchs teria permitido que residentes, sem consentimento dos pacientes, realizassem cirurgias em seu lugar enquanto ele ficava no WhatsApp ou fora do hospital. Muitos desses médicos, recém-formados e sem especialização em cirurgia, aceitavam a situação por medo de represálias.
As vítimas relataram complicações graves, como necroses e mutilações, após as cirurgias realizadas entre 2021 e 2023. Dados indicam que, entre 2018 e 2024, Fuchs realizou 727 procedimentos, dos quais 481 exigiram reintervenções.
Medidas legais e defesa
Embora o médico não esteja proibido de clinicar, uma decisão judicial restringe sua atuação em procedimentos invasivos e impede que ele deixe Porto Alegre, com retenção do passaporte. Nenhum dos indiciados foi preso até o momento.
O advogado de Fuchs, Diego Marty, afirmou que a defesa aguarda o posicionamento do Ministério Público e confia na inocência de seu cliente.
O Hospital Ernesto Dornelles, onde Fuchs atuava até janeiro de 2024, não é investigado no caso, mas já havia recebido relatos de 17 pacientes com problemas antes do afastamento temporário do profissional.
A investigação segue em andamento, e o Ministério Público avaliará as acusações para dar prosseguimento ao caso. A Polícia Civil segue apurando novas denúncias e possíveis desdobramentos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH
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